Nunes nega despejo de Teatro Contêiner: “Local maior e melhor”. Vídeo
Prefeito Ricardo Nunes fez vídeo ao lado de secretários para explicar plano de transferência do Teatro de Contêiner Mugunzá, no centro de SP
atualizado
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que não vai despejar o Teatro de Contêiner Mugunzá, no centro da capital paulista, mas “adequar para um local maior, melhor e regularizado”. No mês ado, a prefeitura enviou uma notificação extrajudicial à Companhia Mungunzá que exigia a desocupação do terreno.
O plano da gestão municipal é transferir o espaço para uma área de 525 m² na rua Conselheiro Furtado. Segundo a prefeitura, o local onde funciona o teatro, no bairro Santa Ifigênia, receberá apartamentos destinados à população de baixa renda e uma área de lazer, que inclui quadra esportiva, brinquedos, gramado e área de descanso.
Nunes fez um vídeo, ao lado dos secretários Edson Aparecido e Totó Parente, do Governo Municipal e da Cultura, respectivamente, para explicar o projeto. “Fica do ladinho do Tribunal de Justiça, da Praça da Sé, numa área central e, inclusive, nessa avenida a ônibus, e as pessoas que vão até o teatro vão poder ir de ônibus. Onde eles estão hoje, o o é ruim”, disse o prefeito.
Nunes afirma ter um abaixo assinado de moradores e comerciantes da região para ter uma área de lazer no endereço atual do teatro e que a gestão dele aportou mais de R$ 2,5 milhões para a companhia. De acordo com a prefeitura, as intervenções devem começar nos próximos dias.
Artistas rechaçam proposta
O Teatro de Contêiner Mungunzá deve apresentar à prefeitura duas propostas de permanência no espaço. No dia 28 de maio, o espaço recebeu uma ordem de despejo com prazo de 15 dias, que foi encerrado na última segunda-feira (9/6).
Em uma delas, o teatro permanece no espaço atual e é construída uma praça em seu entorno, com playgrounds e quadras. Já a outra proposta inclui um prédio com um vão livre no térreo, possibilitando a permanência do coletivo e a construção de áreas de lazer ao lado do local. O prédio teria seis andares, podendo ser destinado à moradia popular.
Segundo membros da companhia, a proposta de construção de áreas de lazer no espaço é uma reivindicação antiga. Em discussões sobre o assunto, os artistas rechaçaram a proposta de transferência da prefeitura, alegando não haver estrutura para abrigá-los.
Entenda o caso
- Em 28 de maio, a Prefeitura de São Paulo entregou uma notificação extrajudicial à Companhia Mungunzá, exigindo a desocupação do terreno na Rua dos Gusmões, região da Santa Ifigênia, em até 15 dias.
- O motivo alegado: transformar o local em um “hub de moradia social”, parte de um programa habitacional para população vulnerável.
- Ocupado desde 2016, o Teatro de Contêiner foi montado com 11 contêineres e cerca de R$ 250 mil de investimento da própria companhia.
- O espaço promoveu mais de 4.000 atividades, entre espetáculos gratuitos, oficinas, ações sociais para mulheres vulneráveis, pessoas em situação de rua, trans e refugiados.
- A Prefeitura de São Paulo afirma que houve várias reuniões com representantes do teatro desde o ano anterior e que convidou os responsáveis para diálogo em 27/28 de maio, mas eles não compareceram.
- A istração municipal sustenta que o terreno é estratégico para implementar o programa habitacional em atendimento a famílias cadastradas nos serviços sociais.
- Os artistas afirmam que foram pegos de surpresa e nunca receberam propostas concretas de realocação.
- Eles argumentam que a ação faz parte de um processo de gentrificação e higienização do centro, já visível após intervenções como a remoção de pessoas da Cracolândia e demolição de outros teatros.
- O grupo recebeu apoio de mais de 40 teatros e 60 coletivos que am carta contra o despejo.
- A atriz Fernanda Montenegro publicou apelo público pedindo ao prefeito Ricardo Nunes que reconsidere a decisão, ressaltando a importância sociocultural do teatro.