Braga Netto se diz democrata e nega participação em plano de golpe
Braga Netto foi interrogado por videoconferência. Ele é réu por suspeita de envolvimento em plano golpista, após as eleições de 2022
Compartilhar notícia

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, na noite desta terça-feira (10/6), o interrogatório do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022. Ele é um dos oito réus do chamado “núcleo 1” da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Acompanhe ao vivo:
O general está sendo interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes. Braga Netto está preso e participa por videoconferência.
O militar se disse democrata e negou que tenha participado de plano de golpe.
“A eleição de 2022 não teve fraude. Eu fui para fora do Brasil e fiquei 9 meses em uma área de combate na brigada australiana defendendo a democracia. Eu sou um democrata. Eu nunca iria participar de um plano ou apoiado um plano que falasse de atentado a autoridades do Legislativo, Executivo, Judiciário. Nunca teria participado de um plano desse”, disse.
Braga Netto ainda ressaltou que considerou os atos de 8 de Janeiro “um horror”. “Foi vandalismo.”
Prisão
Braga Netto está preso preventivamente desde dezembro de 2024, por ordem do ministro Alexandre de Moraes. A prisão foi decretada a pedido da Polícia Federal, que investiga a participação do general da reserva em um suposto plano para manter Bolsonaro no poder por meios ilegais. Como está sob custódia do Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro, o ex-ministro depõe por videoconferência.
Segundo a Polícia Federal, há indícios de que Braga Netto teve papel relevante na articulação e no financiamento das ações planejadas por militares e civis para reverter o resultado das urnas. Entre os elementos investigados, está a suspeita de que o general teria reado recursos aos envolvidos em uma sacola de vinho. A informação veio à tona a partir da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O general é o primeiro oficial de quatro estrelas a ser preso, desde o fim do regime militar. Ele está detido na Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde já atuou como comandante entre 2016 e 2019. O local é destinado à custódia especial de militares, como prevê a legislação para casos ainda sem sentença definitiva.
Ordem dos depoimentos
O depoimento de Braga Netto é o último do dia e encerra essa etapa da ação penal, referente ao núcleo 1 da trama golpista, considerado o núcleo crucial do caso, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A rodada de interrogatórios foi aberta na manhã dessa segunda-feira (9/6), com o depoimento de Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração com a Justiça. Os demais réus estão sendo ouvidos em ordem alfabética: Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Jair Bolsonaro (ex-presidente) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa).
As audiências foram marcadas para ocorrer entre os dias 9 e 13 de junho, com horários já definidos:
9/6: 14h às 20h;
10/6: das 9h às 20h;
11/6: 8h às 10h;
12/6: das 9h às 13h; e
13/6: das 9h às 20h.
Crimes atribuídos aos acusados
Todos os réus foram intimados a comparecer em todos os dias de interrogatórios e têm o direito de permanecer em silêncio ou responder às perguntas.
Os crimes atribuídos aos acusados incluem: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
A denúncia foi apresentada pela PGR e aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Após a fase de interrogatórios, Moraes abrirá prazo para que acusação e defesas apresentem suas alegações finais. O julgamento será feito pelos cinco ministros da Turma, que decidirão pela condenação ou absolvição dos réus.