Em depoimento à PF, Cid nega qualquer intenção de fugir do país
Segundo a PF, Cid obteria um aporte por intermédio de Gilson Machado, ex-ministro da pasta de Turismo, que foi preso nesta sexta
atualizado
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (13/6), no âmbito da investigação que apura a tentativa de obter aporte que facilitaria a saída dele do país. Ao depor à PF, Cid negou tanto a intenção de fugir do país quanto o conhecimento sobre um eventual pedido de aporte português em seu nome.
Ao Metrópoles a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que Cid afirmou que as mensagens atribuídas a ele não são de sua autoria e que pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar os diálogos publicados pelo jornal Veja.
Cid chegou à sede da PF, em Brasília, às 10h57, a bordo de um Range Rover vermelho. O depoimento terminou às 14h28. Cid deixou o local às 14h28, no mesmo veículo da chegada, sem falar com a imprensa.
Mais cedo, Cid foi alvo de mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que foram cumpridos pela PF.
A PF busca entender se Gilson Machado atuou para facilitar uma possível saída de Cid do Brasil. A medida está sendo interpretada pela Polícia Federal como uma tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal da trama golpista, já que Cid é um dos réus.
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid afirmou ao Metrópoles que Cid jamais solicitou aporte ao ex-ministro Gilson Machado.
“É uma surpresa. Desconheço os fatos, mas, com certeza, Mauro Cid não requereu aporte”, alegou o advogado Jair Alves Pereira, que faz parte da equipe de defesa do ex-ajudante de ordens.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que concorda com a investigação sobre o caso.
Em nota, Gilson Machado negou “veementemente ter ido a qualquer consulado, inclusive o português no Recife”. A declaração foi divulgada nesta semana, após a notícia de que ele teria atuado na obtenção do aporte.
“Reitero, nesta oportunidade, que apenas mantive contato telefônico em maio último, com o consulado português, tão somente solicitando uma agenda para meu pai renovar o aporte, o que foi feito após dita solicitação”, completou.
Investigação
Nessa terça-feira (10/6), a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar Gilson Machado, ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro.
A PGR enviou ao STF uma manifestação em que diz concordar com a Polícia Federal sobre a necessidade de investigação de Gilson Machado.
“A manifestação é pela autorização de abertura de investigação e pelo deferimento das medidas cautelares de busca e apreensão, pessoal e domiciliar, cujos endereços deverão ser confirmados e fornecidos pela autoridade policial, e afastamento dos sigilos dos dados telemáticos e telefônicos contra o investigado Gilson Machado Guimarães Neto, requisitando-se os dados referentes ao período de 1º/1/2025 a 5/6/2025, que deverão ser transmitidos diretamente à Polícia Federal”, diz o pedido.
Para a PGR e a PF, existem indícios de que o ex-ministro do Turismo tentou emitir um aporte português para que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, deixasse o Brasil.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, Machado teria atuado no Consulado de Portugal no Recife (PE), em maio de 2025, para obter a emissão de um aporte português para Cid.
“A Polícia Federal encaminhou a Informação da Polícia Judiciária, apresentando informações sobre a possível atuação do Sr. Gilson Machado Guimarães Neto junto ao Consulado de Portugal, em Recife/PE, em 12/5/2025, com o propósito de obter a expedição de um aporte português em favor de Mauro Cesar Barbosa Cid, para viabilizar sua saída do território nacional”, diz a manifestação.
No documento encaminhado ao STF, a PGR, além de se posicionar a favor do inquérito, defende a determinação de busca e apreensão e quebra do sigilo telefônico e de mensagens de Gilson Machado.
Mauro Cid, Bolsonaro e outros 29 são réus por uma tentativa de golpe de Estado que, segundo a PGR, tinha o objetivo de manter o ex-presidente no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022.