Garnier se emociona ao dizer que não fez troca de comando na Marinha
O ex-comandante da Marinha na gestão de Jair Bolsonaro se emocionou ao falar que, após 52 anos de Marinha, não teve a despedida que merecia
atualizado
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Embora o atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, tenha dito ao Supremo Tribunal Federal (STF) que desconhece os motivos da ausência do ex-comandante Almir Garnier na cerimônia de agem do cargo, em 2023, Garnier afirmou que foi um pedido do próprio Olsen a mudança de data do evento para um momento em que ele não poderia participar.
Réu em ação penal que analisa suposta trama golpista, Garnier participou de interrogatório na Primeira Turma do Supremo e se emocionou ao lembrar que, após 52 anos de Marinha, e depois de exercer o cargo de comandante da Força, não teve direito à toda cerimônia que o cargo demanda. Veja:
“Eu reservei o dia 28 de dezembro para fazer a agem. Ficou assim planejado. Olsen afirmou que gostaria de ar o comando no início de janeiro já com o novo ministro empossado. Eu entendi a posição dele, não queria causar embaraço. Mas disse que, se ele mantivesse posição pela data, eu não estaria presente. Não fiquei muito satisfeito porque nós temos tradições, cerimônias. Eu não tive nada disso. Eu queria, depois de 52 anos na Marinha me despedir”, afirmou no STF, com a voz embargada.
Garnier contou que ou o comando oficialmente a Olsen no fim de dezembro de 2022 e que, depois do dia 31, “desligou completamente”. Disse ainda que, no 8 de Janeiro, não esperava nada do que ocorreu em Brasília, que viu pela televisão e chegou a sentir-se mal fisicamente pelo absurdo que era a situação.
“Eu estava emocionalmente sobrecarregado. Ao ar o comando, me desliguei completamente. Até a minha transferência de responsabilidade na Marinha não havia nenhuma indicação de que haveria alguma organização, orquestração como a que ocorreu em 8 de janeiro. Eu estava em casa, assistindo televisão e fiquei chocado com aquilo. Tive até consequências físicas depois porque foi algo muito triste. A nação brasileira não precisava disso”, destacou.
Garnier foi o primeiro réu a participar de interrogatório no STF, nesta terça-feira (10/6). Depois dele, começou a falar o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres.